Vídeo sobre a ética argumentativa de Hans-Hermann Hoppe, ou ética argumentativa hoppeana. Para começar, podemos considerar porque a ética de Hoppe não cai na guilhotina de Hume. Como já vimos por aqui, a guilhotina de Hume diz que não se poderia derivar o dever-ser do ser. A ética hoppeana não cai na guilhotina de Hume porque ela não deduz sua ética da natureza das coisas, mas da argumentação. Ela está em outro plano.
Hoppe foi aluno de Jürgen Habermas antes de ser aluno de Murray Rothbard. Pode-se dizer que Hoppe estabeleceu um diálogo entre o libertarianismo de Rothbard e a teoria da ação comunicativa de Habermas. Segundo a teoria de Habermas, a escolhas éticas devem ser fundamentadas a partir da argumentação.
Para entendermos a ética hoppeana, o primeiro conceito básico a considerar é o de escassez. Porque os bens são escassos, é necessário argumentar para justificar as escolhas a serem feitas. Se não houvesse escassez não haveria preocupação quanto ao que é certo ou errado. A escassez é uma realidade, e negar a escassez é negar a própria realidade (e o nosso próprio direito faz isso ao transformar determinados bens e serviços em “direitos”…).
Para que haja argumentação, é necessário que se reconheça o direito à propriedade do próprio corpo (autopropriedade). Negar o direito à propriedade do próprio corpo é negar a argumentação. É cair no que Habermas chamava de “contradição performativa”: a negação da própria argumentação.
Das noções de escassez e de autopropriedade deduz-se, também, a noção de propriedade privada. O homem se apropria daquilo que é o resultado da “mistura do seu trabalho com a terra” (John Locke). Esse é o conceito libertário de “homesteading”, que, traduzido, significa apropriação original.
Dessas ideias deriva ainda a possibilidade de realização de trocas voluntárias, contratos livres. Negar qualquer uma dessas ideias encadeadas (autopropriedade, propriedade privada e liberdade contratual) é negar o próprio discurso. Logo, não há legitimidade ética nessa negativa.
O próprio Rothbard reconheceu que a ética argumentativa de Hoppe foi um avanço para a teoria libertária. Isso porque ela transcende os problemas teóricos relacionados ao plano do dever-ser, a chamada “guilhotina de Hume.” Como já mencionado, Hoppe saiu do plano da natureza (do jusnaturalismo) para o plano da argumentação. Na verdade, ele levou as ideias de escassez, de autopropriedade, de propriedade privada e de liberdade contratual, já presentes no jusnaturalismo de Rothbard (às quais Rothbard chegou por exclusão), para o âmbito da argumentação.
Confira, no livro “Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo” de Hoppe, a exposição da ética argumentativa no prefácio (pp. 9 a 11) e no capítulo 7 (p. 123ss).
Confira também os seguintes artigos:
– https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=136
– https://mises.org/library/argumentation-ethics-and-liberty-concise-guide
– https://mises.org/library/beyond-and-ought
Assista também:
– Guilhotina de Hume, Lei de Hume ou “falácia naturalista”
– Palestra sobre libertarianismo proferida na UniFacear
– Direitos naturais X direitos humanos ou direitos fundamentais. Qual a diferença??
– Contratualismo – Thomas Hobbes e John Locke
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